Saída de campo no dia 12/03/2005

Local: Chácara do André Bufrem – Palmeira PR
– Latitude: 25° 27′ 33”
– Longitude: 50° 02′ 34”
– Altitude: 880m

Data: 12/03/2005

Equipe Participante:

Foram 11 participantes, relacionados a seguir:

– Alexandre Novas
– André Luis Ribeiro (Sydadão)
– André Moritz Bufrem
– Emílio Erino
– Fabiano Belisário Diniz
– Guilherme Marques dos Santos Silva
– Lucas Pysklyvicz de Souza
– Lucieli Rossi
– Marcos Roberto Mazaneck Mohr
– Mário Sérgio Teixeira de Freitas
– Rodolfo Luiz Patyk

Instrumentos utilizados:
– Lucas – Telescópio refletor 150mm dobsoniano f/8;
– Guilherme – Telescópio refletor 150mm dobsoniano f/8;
– Fabiano – Telescópio Maksutov Cassegrain 105mm f/14 em montagem altazimutal;
– Guilherme – Binóculo Fujinon FMT-SX 7X50;
– Mário – Binóculo Dia Stone 11X80;
– Mário – Binóculo Tasco 9X63.

Condições de Meteorológicas:

Visibilidade: Presença de pouca nebulosidade de média altitude até o crepúsculo do anoitecer, quando o céu limpou. Condições de céu limpo se mantiveram até aproximadamente às 22:30, quando nebulosidade de média altitude novamente apareceu. À 01:30 a nebulosidade aumentou, comprometendo as observações. Às 04:00 o céu novamente ficou aberto. Durante toda a noite, houve presença de material particulado na atmosfera.

Temperatura: Manteve-se acima dos 20o durante toda a noite.

Vento: Calmo durante toda a noite.

Mapa Celeste

Para a noite da observação, o céu das 22 horas está representado abaixo:

Relatório das Observações

  • Observações com horários registrados
19:30
(APR.)
Lua Nova, bem fina, com os telescópios do Fabiano e do Lucas. A parte escura estava bem visível e azulada.
19:35O Telescópio Espacial Hubble foi visto pelo grupo.
19:42O Hubble emitiu um flare, logo após passar perto de Canopus, a 180o de azimute e 65o de altura. O flare foi rápido, com seu brilho aumentando e diminuindo em aproximadamente 2 segundos, tendo sido confirmado por vários integrantes do grupo. André Bufrem estimou sua magnitude como sendo superior a de Canopus.
20:04Meteoro muito brilhante, observado por alguns membros.
20:40Saturno com os telescópios do Guilherme e do Fabiano. Divisão de Cassini bem visível.
20:59Avistados três objetos acima e à direita da grande nuvem de Magalhães, a uns 2 graus. O Guilherme tentou identificá-los pelo Starry Night, mas sem sucesso. Cogitou-se serem pedaços da própria nuvem, após análise pelo programa. Um dos objetos foi identificado pelo binóculo 11X80, e todos os três foram então vistos pelo telescópio de 150mm.Mário tentou identificar os objetos tanto pelo Starry Night como por alguns sites sobre a LMC, mas sem sucesso. Portanto, cogitou serem partes integrantes da própria nuvem, pois é conveniente lembrar que a parte visível da nuvem é apenas a mais central, assim uma região mais densa do objeto contínuo pode parecer como um pequeno objeto separado.

Além disso, pela primeira vez alguns sócios conseguiram visualizar a olho nu a nebulosa da Tarântula, que também faz parte da LMC. Lucas também observou a Tarântula pelo seu telescópio.

22:04NGC 4833 (aglomerado globular) na Mosca, a 21 mil anos-luz de nós – Lucas.
22:09M-68 (aglomerado globular) na Hidra – Lucas. Este aglomerado está a mais de 33 mil anos-luz do Sol, e está se aproximando de nós a 112 km/s.
22:15NGC 2903 (galáxia espiral) no Leão. Similar à Via Láctea em tamanho e forma, a 20 milhões de anos-luz de nós.M-65, M-66 e NGC 3628 (galáxias do grupo Leo Triplett) – Lucas. Três galáxias a aproximadamente 35 milhões de anos-luz de nós, uma formação muito bonita e fotogênica.

M-95, M-96 e M-105 (galáxias do grupo Leo I, ou grupo M-96) – Lucas. Essas três galáxias, na constelação do Leão, formam um pequeno triângulo cujo maior lado mede 1o 17′. A distância é de aproximadamente 38 mil anos-luz.

22:46M-83 (Galáxia do Pinwheel) na Hidra. Essa galáxia, a 15 milhões de anos-luz de nós, forma o grupo M-83 juntamente com a galáxia NGC 5128 e NGC 5253.
22:55Asteróide Pallas, em Virgem. Grande dificuldade em encontrá-lo devido a discrepâncias entre o mapa do Heavens Above e o programa Starry Night.Mário imprimiu um mapa a partir do site Heavens Above para as 12 horas do dia 12/03/05. Ele e o Guilherme tentaram achar o asteróide com os binóculos Dia Stone 11X80 e Fujinon 7X50 a partir dele. Para achá-lo, eles começaram identificando a olho nu as estrelas Zavijava, Zaniah, Porrima, Auva e Vindemiatrix, que formam um arco no céu, bem identificável. A partir de Auva, já com o binóculo em punho, seguiram para um pequeno grupo de estrelas (TYC 295-748-1, HIP 61261, TYC 295-500-1 e HIP 61149). Desse grupo, a última era a mais brilhante, de magnitude 7,5, e cogitou-se erradamente ser Pallas. O campo estelar na região, pelo binóculo, diferia do mapa impresso do Heavens-Above, possivelmente devido à presença de estrelas variáveis. Apenas mais tarde o asteróide foi corretamente observado e identificado com a ajuda do Starry Night.

Carta 1

Carta 2

23:04M-79 (aglomerado Globular em Lebre a 72 mil anos-luz; M78 (nebulosa difusa) em Órion a 1600 anos-luz;
M50 (aglomerado aberto) em Monóceros a 3200 anos-luz. M78 é a mais brilhante nebulosa difusa em todo o nosso céu.
23:31NGC 2354 (aglomerado aberto) em Cão Maior.
04:00(APR.) Marte. Sem detalhes devido ao seu afastamento da Terra (distância da Terra igual a 1,737 AU).
04:50(APR.) M-6 (aglomerado aberto da Borboleta a 1600 anos-luz) e M-7 (aglomerado aberto do Ptolomeu a 800 anos-luz) no Escorpião, com Fabiano observando pelo telescópio do Lucas.
  • Observações sem horários registrados

Júpiter: O planeta Júpiter foi bem visível, com todos os seus quatro satélites galileanos do mesmo lado, a leste. Aos binóculos pareciam apenas três, devido ao posicionamento de Io muito próximo ao planeta. Aos telescópios era possível resolver Io do planeta.

Via Láctea: O braço da Via Láctea esteve bem visível até a região de Monóceros, especialmente na região do Centauro e do Cruzeiro do Sul. Mais tarde, às 4:30, o braço em Sagitário esteve muito bem visível, apesar da presença constante de material particulado no ar.

Asterismos: Foram avistados, com os telescópios de 150mm, os asterismos da Nave Espacial (Stargate) e do Tubarão (Jaws). Ambos são facilmente achados a partir da estrela Delta Corvi (Algorab), de magnitude 2,9. A Nave Espacial está na constelação do Corvo, e o Tubarão na de Virgem. A Galáxia M-104 foi também observada pelos mesmos telescópios, muito próxima ao Tubarão (pouco mais de 20′ de arco). Assim, foi fácil fazer uma linha de observações: acha-se Algorab, vai-se para o Norte Celeste até a Nave Espacial. A menos de 1 grau estará Tubarão, e a menos de 30′ dele estará M-104.

Objetos:

– NGC 5128 (galáxia a 15 milhões de anos-luz) – Lucas.
– NGC 4945 (galáxia) – Lucas.
– NGC 5139 (aglomerado fechado Omega Centauri, a 16 mil anos-luz) – Fabiano e Lucas. É o aglomerado mais brilhante de todos.
– M-35 (aglomerado aberto a 2800 anos-luz) em Gêmeos – Lucas.
– M-44 (aglomerado aberto do Presépio, a 577 anos-luz) em Câncer – Lucas.
– M-46 e M-47 (aglomerados abertos) em Puppis – Lucas. Esses dois aglomerados estão separados por 1o 15′, sendo que M-46 está a 5400 anos-luz de nós, e M-47 a 1600 anos-luz.
– NGC 104 (aglomerado globular 47 Tucana) em Tucana – Lucas. É o segundo maior e segundo mais brilhante aglomerado globular de todo o céu, a 13.400 anos-luz de nós.
– Aglomerado estelar na Nebulosa da Roseta – Lucas.
– M-1 (nebulosa do Caranguejo) em Touro – Lucas. A 6300 anos-luz, esta nebulosa foi criada a partir da supernova observada em 4 de julho de 1054. Na época esta supernova atingiu uma magnitude de -6, e pôde ser vista durante o dia por 23 dias.
– NGC 3532 e NGC 3372, em Carina – Fabiano. A NGC 3372, chamada Grande Nebulosa da Carina, é uma nebulosa de formação de estrelas, onde a estrela Eta Carina foi formada. Essa estrela possui um comportamento de brilho bastante peculiar: foi catalogada por Edmond Halley em 1677 como de magnitude 4, mas em 1730 sua magnitude foi a 2, e caiu novamente para 4 em 1782. Após, sua magnitude chegou a 0 pouco depois de 1830. Em abril de 1843 chegou a -1. Em 1868 ela ficou invisível, chegando à magnitude 8 entre 1900 e 1941. Em 1990, atingiu novamente a região de visibilidade a olho nu, e seu brilho continua aumentando. Está a 10 mil anos-luz de distância. Já a NGC 3532 está a 1300 anos-luz de distância de nós.
Obs: Procurou-se, anteriormente à saída de campo, possíveis flares do iridium e passagens da ISS pelo site Heavens Above, mas nenhum evento estava programado para Palmeira durante a nossa estada.

  • Laser Verde

O laser verde do Guilherme foi pela primeira vez utilizado em uma saída de campo para identificação de objetos celestes e na ajuda para localizá-los com os equipamentos. Além disso, com a ajuda do laser, foram identificadas estrelas brilhantes a partir dos prolongamentos de uniões de estrelas em Órion, como consta a seguir:

1) Prolongamento das 3 Marias uns 20 graus para leste: Sirius (-1,5), no Cão Maior;
2) Prolongamento das 3 Marias uns 20 graus para oeste: Aldebaran (+0.8), em Touro;
3) De Betelgeuse para Saiph, prolonga 40 graus para sul: Canopus (-0.6), em Carina;
4) De Rigel para Bellatrix, prolonga 40 graus para norte: Capella (+0,1), em Auriga;
5) De Betelgeuse para Rigel, prolonga 60 graus para sul: Achernar (+0,4), em Eridanus;
6) De Rigel para Betelgeuse, prolonga 30 graus para norte: Castor (+1.6), em Gêmeos;
7) 4,5 graus ao sul de Castor (para “cima”): Pollux (+1,2), em Gêmeos;
8) Formando com a linha Betelgeuse-Sirius a base de um triângulo equilátero de 25 graus de lado, procura-se o vértice a leste: Procyon (+0,4), em Cão Menor.

Conclusões

Mesmo com a presença de material particulado no ar e nebulosidade de média altitude em alguns momentos, a sessão de observação foi bastante proveitosa, com diversos objetos de céu profundo aparecendo nos campos dos telescópios. Pela primeira vez em atividades do CACEP e pela segunda vez para alguns membros, um flare do Hubble foi observado. Pela primeira vez também Pallas foi observado.

Anexos

A seguir, são apresentadas as imagens dos objetos observados. Elas foram extraídas do software Starry Night v4.5, exceto quando especificado em contrário.

 

Grande Nuvem de Magalhães – LMC
Grande Nuvem de Magalhães - LMC

NGC 4833
NGC 4833

M-68
M68

NGC 2903
NGC2903

M-65 e M-66
M-65 e M-66

NGC 3628
NGC3628Fonte: https://antwrp.gsfc.nasa.gov/apod/ap961101.html

M-95, M-96 e M-105
M-95, M-96 e M-105

M-83
M83

Pallas
Pallas

M-79
M79

M-78
M78

M-50
M50

NGC 2354
NGC2354

M-6
M6

M-7
M7

NGC 5128
NGC5128

NGC 4945
NGC4945

NGC 5139
NGC5139

M-35
M35

M-44
M44

M-46 e M-47
M-46 e M-47

47 Tucana
47 Tucana

Roseta
RosetaFonte: https://photographytips.com

M-1
M1

NGC 3532 e Nebulosa da Carina
NGC 3532 e Nebulosa da Carina

M-104, Nave Espacial e Tubarão
M-104, Nave Espacial e Tubarão

 

Despedida do Pessoal do CACEP no Encerramento da Saída de Campo
Despedida do Pessoal do CACEP no Encerramento da Saída de Campo

 

Relatório feito por:

  • Fabiano Belisário Diniz (Autor)
  • Guilherme Marques dos Santos Silva (Revisor)
  • Mário Sérgio Teixeira de Freitas (Revisor)