Saída de campo no dia 14/08/2004

Local: Chácara do André em Palmeira-PR
Data: 14/08/2004
Participantes: 12 pessoas, entre membros do CACEP e convidados.

Condições de observação:

O tempo estava excelente, até 1:30 da manhã, quando o tempo fechou com nuvens baixas a 100%.

Participantes e Instrumentos utilizados:

– Guilherme: binóculo Tento 20×60, binóculo Asahi Pentax 7×50, máquina fotográfica Nikon 3.1Mp e gravador de mão para registro das observações.
– Mário: luneta 30×65, binóculo Tasco 9×63, binóculo 7×50
– André: binóculo 7×50
– Lucas: binóculo 9×63, telescópio refletor de 150mm em montagem dobsoniana
– Felipe: telescópio MEADE, câmera fotográfica e binóculo
– Fabiano: telescópio ETX, câmera fotográfica
– Flávio e Luciana: binóculo, câmera fotográfica
– Karla
– Cleverson
– Convidados: Silvia (namorada do André) mais um casal de amigos dela, e o Roberto (irmão do Fabiano)

Pessoal

Neste dia o céu visto às 20:30 foi este mostrado abaixo

ceu_local

Relatório das Observações

17:00 – Manchas solares com filtro Baader e binóculo Tento 20×60.

Observando_o_Sol

18:13 – Júpiter a olho nu e nos binóculos. Com duas luas acima (Io e Europa) e duas abaixo (Ganimede e Calixto, das quais apenas Ganimede não era identificada com binóculos, pois estava muito próxima de Júpiter. Esta lua pôde apenas ser visualizada com os telescópios).
18:31 – mercúrio muito próximo do horizonte (uns 7 graus).
18:52 – satélite artificial em Altair, do norte para o sul, horizontal, não identificado no Starry Night.
19:00 – Coathanger, um asterismo na Sagitta, que está a 400 anos luz distante de nós, composto de mais de trinta estrelas pequenas das quais 10 das mais brilhantes formam um quase perfeito cabide (daí seu nome – Coathanger). Segundo o Starry Night, este asterismo parece não ser um real agrupamento de estrelas, pois apenas algumas delas movem-se na mesma direção no espaço. Nesse caso, é apenas um aglomerado visual.
19:07 – Bólido bem visível, passando na cabeça do escorpião, descendo para norte.
19:14 – Cometa Linear C2003 K4, próximo a Arcturus, possivelmente identificado. O local descrito confirma a presença do cometa na região próxima a Arcturus, a aproximadamente 6 graus de Muphrid, num dos vértices de um quadrilátero.
19:?? – sem horário registrado, mas entre as 19 e as 20 horas, foram observados os asterismos Stargate em Corvus e Jaws em Virgo, tanto na luneta do Mário quanto no telescópio do Lucas.
19:20 – Satélite SL-08 R/B indo em direção a Sagitário (bem visível, com magnitude de +1).
19:23 – Configuração especial de 3 satélites a menos de 16 minutos de distância entre eles, a citar: a ISS, Progress-M50 e Soyuz-TMA4. A aproximação deles fez com que eles ficassem muito visíveis em conjunto, bem próximos ao horizonte, mas muito brilhantes juntos. A ISS estava a 1684 km de nós, e tem um tamanho de aproximadamente 20 metros. É mais conhecida como Estação Espacial Internacional e abriga astronautas. Os outros dois são satélites artificiais.
19:26 – Luz Zodiacal – “A Luz Zodiacal foi observada pela primeira vez em atividades do CACEP, em forma de um longo triângulo isósceles, com base de 20 graus no horizonte oeste, onde Júpiter ainda estava visível, e com altura de 50 graus, indo além de Spica. O brilho era menos forte que o da Via-Láctea, mas sem dúvida evidenciava a distinção entre essa área e o céu escuro nas fronteiras a sudoeste (Corvus) e Noroeste (Bootes). Permaneceu visível até que a região do vértice do triângulo se confundiu na camada de ar próxima ao horizonte, por cerca das 22:00. A explicação para esse fenômeno é o espalhamento da luz solar nos grãos de poeira interplanetária que formam um disco de baixa densidade no plano da eclíptica, remanescentes de caudas de cometas e de colisões entre asteroides. Esses grãos estão afastados entre si por uma distância média de 9km, e têm dimensões da ordem de 1mm. Dados numéricos podem ser vistos no endereço: https://www.as.wvu.edu/~jel/skywatch/skw9810h.html
Para ser visível, além de um céu suficientemente escuro, é necessário que o Sol não esteja demasiadamente abaixo do horizonte, e que o ângulo entre a eclíptica e o horizonte seja próximo de 90 graus. Discos de poeira semelhantes ao do nosso sistema solar já foram identificados em outras estrelas (como Beta Pictoris, a 63 anos-luz de distância), sendo um indicador alternativo para sistemas planetários em formação [Ardila D., Scientific American, ed. bras., maio 2004, pp. 76-83].”
19:30 – estimativa de magnitude limite visual (MLV) usando as estrelas HIP78246, HIP77858 e HIP77859, visíveis a olho nu com magnitude 5.4. Com isso, estimamos a MLV em 5.4.
19:42 – M3, resolvido no telescópio do Felipe.
19:45 – 47 Tucanae, ou NGC 104, o segundo mais brilhante e maior globular no céu. Visível a olho nu e sensacional em binóculos e telescópios.

Telescopios

20:00 – M62 no escorpião, com o Tento 20×60 (visível com visão invertida nos 7×50)
20:05 – M19 em Ophiucus, com identificação fácil com o Tento 20×60.
20:15 – Bólido do Cruzeiro do Sul para a grande nuvem de Magalhães.
20:16 – outro bólido na Corona Australis.
20:23 – outro 2 bólidos, um abaixo do corvo e outro próximo à Carina.
20:27 – Urano perfeito com os binóculos
20:30 – Bólido saindo de Camaleão
20:32 – Netuno muito visível.
20:40 – NGC7293 – Nebulosa da Hélice, uma nebulosa planetária a meros 300 a 500 anos-luz de distância de nós.

Abaixo duas imagens registradas na saída de campo do céu do local, na primeira imagem podemos ver a Via Láctea bem pronunciada. Na segunda foto logo abaixo vemos uma imagem de longa exposição com câmera fixa do Polo Sul Celeste.

Via_Lactea

Sul_Celeste

21:31 – M2, bem fácil de identificar.
21:40 – dois bólidos, um no cisne e outro no Pegasus.
21:55 – M27 – Dumbell em todos os binóculos, e com o telescópio do Lucas.
22:05 – Binária Sualocin e HIP101909 com 9 minutos de arco resolvida nos binóculos e no telescópio do Lucas.
22:10 – Estavam bem claras a pequena e a grande nuvens de Magalhães, galáxias vizinhas à nossa Via Láctea.
22:18 – M57, nebulosa do Anel em Lyra, uma nebulosa muito bonita a 2300 anos-luz de distância, com tamanho de apenas 1,7 minutos de arco, e magnitude aparente de 9,5.
22:29 – M27, na Sagita. Também chamada de Dumbbell, lembra uma gravata borboleta ou um halteres. Está a 1000 anos-luz de nós, tem tamanho aparente de 13 minutos de arco e magnitude 7,5
22:34 – Asteroide 4 Vesta, o terceiro maior asteroide conhecido, com 468,3 km de diâmetro e magnitude aparente de 5.8.
22:45 – M39, aglomerado aberto que lembra o mapa da África, muito pequeno e muito bonito, próximo a Cygnus.
22:55 – NGC 6453, próximo ao Escorpião, muito bonito!!!
23:07 – M15 em Pégasus, um aglomerado aberto bem pequeno e bonito.
23:25 – NGC 253 (na constelação de Sculptor, e chamada por nós de charuto).
23:36 – NGC 55, uma galáxia muito visível até mesmo nos binóculos, que está a 5 milhões de anos-luz de nós!!!
00:15 – Localizado um objeto que piscava em aquário, a 15 graus do zênite, com um brilho mais forte (cerca de +1 em magnitude) aos 28,5 segundos. Outros brilhos menores eram observados com o binóculo e telescópio, aos 6 segundos e aos 18 segundos. Ascensão reta: 22h, 43 minutos e Declinação -18 graus, 48 minutos.
Este objeto se deslocou cerca de 8 graus durante o período de quase uma hora em que estávamos observando-o.

OPNI

 voando_2  prelanc_2

1:30 – O céu começou a ficar nublado, recolhemos os telescópios que já estavam embaçados e fomos para a casa da fazenda para comer um pouco e ver se o tempo melhorava.
Ficamos conversando durante todo o resto da noite, sobre o OQPPNI (Objeto quase parado piscante não identificado), que não identificamos ainda, mas acreditamos ser um balão meteorológico, que possui luzes para sinalizar sua posição para aviões, durante a sua subida.
Tratamos ainda de assuntos diversos, como o Analemma, que é uma espécie de 8 (ou símbolo de infinito) que aparece no céu quando se registram as posições do Sol durante um ano, sempre num mesmo horário exato.
Às 6:30 da manhã, observamos Vênus e Saturno com os binóculos, Saturno mostrando claramente seus anéis e Vênus não mostrando fase, ao menos no binóculo.
Às 10:00, começamos a procurar Vênus novamente, e encontramos após muito tempo, a olho nu. Apreciamos um pouco com os binóculos do grupo e depois buscamos o telescópio do Lucas, pelo qual pudemos identificar uma fase de quarto crescente perfeita.

Guilherme

Foram também feitas algumas fotos como a mostrada abaixo, que foi registrada durante a noite.

venus

Mais imagens registradas nesta saída de campo podem ser vistas na nossa galeria de fotos do site do CACEP.

Conclusão: A saída de campo foi sensacional em todos os aspectos, e, mesmo o tempo fechando no meio da noite, pudemos observar muitos objetos novos e aprender muito com os mais experientes!

 

Relatório escrito por:

  • Guilherme Marques dos Santos Silva